Grupos psicoterapêuticos como potencializadores do desenvolvimento de novas interações

  • Gabriel De Melo Cardoso Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
  • Idris Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
  • Nathália Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Palavras-chave: Grupos Psicoterapêuticos, Psicoterapia, Saúde Mental

Resumo

O surgimento da Psicologia Clínica apresenta como berço a prática médica. Assim, iniciou-se pautada por fins curativistas, a partir de um modelo biomédico de compreensão dos processos de produção de saúde e doença e de uma perspectiva de “ajustamento” dos sujeitos às normas, especialmente a mandos e desmandos da elite. Não por acaso, a psicologia clínica desenvolveu-se, num primeiro momento, para satisfazer as classes dominantes, e assim, acabou por se constituir como uma área elitista, e por sua origem europeia e no divã: privativa e individual. Ainda que hodiernamente tenha havido avanços nas mais diversas áreas, perspectivas teóricas, e práxis da psicologia; assim como, avanços nas formas de organização da sociedade e da gestão das redes de produção de saúde, o acesso à psicoterapia é muito distante de grande parte da população e os velhos moldes da práxis psicológica continuam presentes. Dessa forma, é preciso buscar por estratégias que visem viabilizar a construção de uma prática psicoterapêutica comprometida, não apenas científica e tecnicamente com todos os setores populacionais, mas também que cumpra seu papel social na construção de interações mais benéficas para todos e que reduzam ou eliminem os diversos modos de produção dos sofrimentos ético-políticos. Nesse sentido, a clínica psicológica pode, como uma estratégia possível, ir além de um espaço individual, neoliberal, e elitista, e ampliar sua escuta, também, para o contexto em que o sujeito está inserido. Partindo deste pressuposto, apresentamos reflexões transversais sobre aspectos fundantes de um processo psicoterapêutico, tais como objeto, objetivos, demandas e princípios de uma análise clínica para, a partir deles, pensar o papel de grupos psicoterapêuticos como potencializadores do desenvolvimento de novas interações e como alternativa de rompimento à velha práxis psicológica. Em seguida, exemplificamos alguns desses recursos potencializadores dos grupos psicoterapêuticos a partir de situações reais. Finalmente, consideramos que os grupos psicoterapêuticos são espaços ricos para o aumento do autoconhecimento dos sujeitos e para o  desenvolvimento de novas formas de interagir com o mundo, à medida que nestes espaços os sujeitos entram em contato com experiências uns dus outres, perpassando pelas suas próprias.

Publicado
2021-04-18
Como Citar
De Melo Cardoso, G., Henriques Kawabe, I. ., & Sandi, N. (2021). Grupos psicoterapêuticos como potencializadores do desenvolvimento de novas interações. Psicologia Da Saúde E Processos Clínicos, 2(1). Recuperado de https://koan.emnuvens.com.br/psisaude/article/view/65