A captura da subjetividade pelo capitalismo colonial-racial, e a clínica psicológica como prática criadora de novos mundos
Resumo
Este ensaio faz uma leitura de como a construção de subjetividades na contemporaneidade está submetida ao neoliberalismo e à modernidade, ambos considerados o sistema econômico-político dominante de nosso momento histórico. Contextualizando histórica e geograficamente, percebe-se que a base estrutural para esses modos de vida se inicia no período de escravização e exploração de territórios com a colonização - aqui em foco, da América Latina. Ao observar o surgimento da clínica psicológica e suas origens epistemológicas foi percebido que, estando vinculada ao sistema dominante, a Psicologia teve como pressupostos históricos a universalização e normatização dos sujeitos, instituindo formas de ser e estar no mundo hierárquicas e corroborando com a captura da energia-ação dos sujeitos e suas servidões (in)voluntárias. Assim, retomando as formas de resistência e tensionamento dos povos originários frente à violência e destruição colonial, tivemos como objetivo propor uma clínica psicológica outra, contracolonial, a ser utilizada como ferramenta subversiva à captura da potência criativa e criadora das subjetividades pelo atual regime hegemônico. Para isso, vemos como necessário ir de encontro à lógica colonial em suas raízes epistêmicas, materiais e simbólicas, e apoiarmos uma integração da Psicologia com os saberes ancestrais e sua implicação em uma atuação política, coletiva e libertadora.