Medicalização da infância: zelo ou mercadoria?
Resumo
Resumo: Esse ensaio discorre sobre a intensificação dos processos de medicalização na infância, observados na incorporação de leis as quais legitimam tal prática no âmbito nacional e no município de Florianópolis. A medicalização infantil é um reflexo de uma cultura intimamente associada a concepções biologicistas de ‘ser humano’, cristalizada no conceito ‘neurocultura’. Ademais, está intimamente ligada ao controle social inerente aos Estados Modernos, nos conceitos de ‘biopoder’ e biopolítica, de forma que a vida privada se tornou objeto do controle público. Nesse sentido, observou-se nos últimos anos um forte encorajamento à racionalidade médica por meio do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), o qual substancializa legislações de avaliação compulsória aos ‘transtornos infantis’. Desse modo, a legislação brasileira suporta de forma progressiva a manipulação de medicamentos para infantes, de forma que o presente texto visa analisar tal problemática, de modo a questionar os impactos no campo epistemológico da psicologia.